Neste mês de novembro, precisamente no dia 19, comemoramos o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino. Essa data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014 para evidenciar, destacar e valorizar o papel da mulher no ambiente empreendedor. Mas o que temos para comemorar?
Confesso que ainda estamos longe de protagonizar o papel que cabe à mulher no mundo empresarial. E isso nada mais é do que reflexo do que vemos e vivemos em nossa sociedade: poucas mulheres em cargo de liderança; diferença de remuneração salarial; violência doméstica; jornada tripla; racismo e muitos outros preconceitos estruturais e machistas.
Por outro lado, avançamos em alguns pontos. Embora a maioria das mulheres ainda empreenda em setores considerados femininos – como em área de alimentação, beleza e serviços -, já temos importante participação em segmentos como o da tecnologia e da ciência da computação, inclusive no ambiente de start ups, onde a presença feminina é cada vez mais relevante.
A mudança de comportamento também se faz notar no dia a dia da empreendedora informal ou daquelas que estão na base do faturamento mensal – 63% das empreendedoras brasileiras faturam até R$ 2.500,00, segundo recente pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora.
Diferentemente de 2014 e, principalmente, de 2010 quando criei a RME, atualmente vemos mais e mais mulheres se capacitando tecnicamente e procurando apoio e orientação para fortalecer os negócios e organizar suas vidas financeiras.
É claro que o mundo justo e ideal ainda precisa ser conquistado. Em termos de faturamento, o estudo do Instituto RME revelou que para 41% das empreendedoras a receita de suas empresas ainda não é suficiente para pagar as despesas do negócio. Já 35% dizem obter receitas suficientes para pagar despesas, mas apenas 11% têm a possibilidade de também poupar.
Então podemos comemorar? Meu eterno espírito otimista diz que sim. Afinal, graças a movimentos organizados e ao trabalho em rede e em cooperação, temos conquistado vitórias e mudanças significativas para todas as mulheres brasileiras. Portanto, feliz Dia do Empreendedorismo Feminino.
Ah… não poderia deixar de citar uma importante conquista: o Instituto RME, criado por mim em 2017 como braço social da Rede Mulher Empreendedora, foi eleito como uma das 100 melhores ONGs do país.
Ser uma instituição social não é tarefa fácil no Brasil, mas ajudar mulheres é uma causa que nos move diariamente. A geração de renda para mulheres significa não só liberdade financeira, significa também liberdade de decisão, inclusive para sair de situações de violência.
Agradeço a nosso time interno, conselheiros, voluntárias, empresas e marcas que nos apoiaram e continuam a apoiar. Tenho muito orgulho de caminhar com tanta gente potente e que acredita em nosso trabalho.
Ana Fontes é empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora – RME e do Instituto RME, Delegada Líder BR W20/G20, eleita uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil pela Forbes 2019 e Top Voices LinkedIn 2020. Autora do livro Negócios: um assunto de mulheres – a força transformadora do empreendedorismo feminino.